Dilma aprova reedição da aliança de 2008 na capital

O nó da sucessão em Belo Horizonte começa a ser desfeito e as últimas articulações apontam para a reedição da dobradinha de 2008, com PT, PSB e PSDB em torno do prefeito Marcio Lacerda.

A união dos partidos em 2012 já tem a aprovação da presidente Dilma Rousseff (PT). Em um encontro recente com o prefeito Lacerda, Dilma disse que não coloca nenhuma objeção ao atual formato da aliança e recomendou que Lacerda se encontrasse pessoalmente com o presidente do PT nacional, Rui Falcão. O encontro foi marcado para este fim semana, em São Paulo.

A bênção de Dilma para a aliança com o adversário PSDB teria como principal motivo o PSB, partido do prefeito. A presidente deseja o partido integralmente na sua base de sustentação e, por isso, quer evitar tensão. A avaliação da presidente, que já teria sido discutida com o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, um dos padrinhos da aliança de 2008, é que não seria uma boa estratégia obrigar o único prefeito de capital eleito pelo PSB a escolher entre petistas e tucanos. Mantendo a aliança na capital, Dilma mantém o PSB ao seu lado até 2014, quando as parcerias voltarão a ser discutidas.

Uma fonte muito próxima ao Planalto afirmou que "não faz o menor sentido colocar a faca no pescoço de Lacerda em 2012". Segundo ele, seria a mesma coisa do que empurrar o prefeito e o seu partido para o colo dos tucanos. "Sem dúvida é melhor adiar essa discussão para mais tarde", afirma o interlocutor. Ele também ressalta que, em 2014, se Lacerda for pressionado por PT e PSDB, já que o senador Aécio Neves (PSDB) é pré-candidato à Presidência, poderá adotar uma postura de neutralidade, e o PSB permaneceria com Dilma.

Esse rascunho de articulação é o que será discutido entre Falcão e Lacerda. Mas a expectativa dos articuladores é de que não deverá haver problema para a que a executiva nacional petista aprove a proposta, uma vez que já há o carimbo da presidente Dilma.

Lacerda, porém, vai ter que ainda costurar o outro lado da aliança. Os tucanos não se opõem à presença do PT na chapa, mas querem ter uma participação formal na coligação, ao contrário do que aconteceu em 2008. A formalização não é aceita pelos petistas, que esperam que Marcio Lacerda resolva o problema.
FOTO: LETÍCIA ENES /DIVULGAÇÃO
Deputado Domingos Sávio não admite participação informal do PSDB
RESPOSTA
PT da capital reage à articulação
Petistas da capital querem evitar a discussão sobre o nome de vice em uma futura chapa de Marcio Lacerda. Anteontem, O TEMPO divulgou reportagem afirmando que o secretário nacional de Ação Básica em Saúde, Helvécio Magalhães, seria o nome favorito de Lacerda para ser o vice em sua chapa. Uma outra opção seria o deputado federal Miguel Corrêa.

Ontem, em nota, o PT de Belo Horizonte informou que só começará discutir a sucessão municipal no início de 2012, mas que vê com bons olhos a reedição da aliança com o PSB. Também diz que, em caso de renovação da aliança, caberia ao PT indicar o candidato para vice. A nota afirma ainda que o partido rejeita qualquer aliança com PSDB, PPS e DEM.

O vereador João da Locadora, líder do PT na Câmara, afirmou que é uma insanidade discutir nomes antes de fechar a aliança. Ele também criticou a possibilidade de Corrêa ser o escolhido para a vaga. "Ele não consegue consenso nem na região dele. Como vamos aprová-lo?", questionou.(CK)
Entenda
Em 2008. O então prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), e o governador Aécio Neves (PSDB) articularam o lançamento de Marcio Lacerda para a prefeitura. O PT foi vice na chapa, com Roberto Carvalho. O PSDB participou da coligação informalmente.

Em 2012. PT e PSDB querem a aliança com Marcio Lacerda. Mas petistas têm resistências ao PSDB.
CHAPA
PSDB não abre mão da formalidade
O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, embora já tenha sinal verde da presidente Dilma Rousseff para tratar da reedição da aliança de 2008, ainda vai enfrentar alguns problemas.

Ontem, o presidente estadual do PSDB, deputado federal Marcus Pestana, afirmou que seu partido quer apoiar Lacerda e não coloca nenhuma restrição à participação do PT, mas não aceitará a informalidade. "Não se faz omelete sem quebrar os ovos", afirmou Pestana, mandando um recado ao PT. Ele também lembrou que o PSDB não aceitará uma coligação envergonhada.

A mesma posição tem o vice-presidente estadual do partido, deputado federal Domingos Sávio. Ele destaca que o partido tem uma participação importante na administração municipal e não há motivo para que fique de fora da chapa oficial.

"Nós estamos dispostos a apoiar a reeleição de Lacerda. Queremos fazer isso formalmente. Não vamos discutir nossa participação com o PT. Vamos discutir com Lacerda. Que eles (petistas) cuidem da participação deles", disse.

Entretanto, nos bastidores, alguns tucanos afirmam que nada é impossível e o projeto de levar Aécio Neves à Presidência da República em 2014 é o maior objetivo. (CK)
Fonte ; www.otempo.com.br
 publicado no jornal o tempo: dia 16/07/2011

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