Fazendeiros farão leilão para custear resistência a ocupações indígenas
Após as vitórias parciais que os povos indígenas alcançaram com relação a decisões governamentais recentes sobre a demarcação de suas terras, os fazendeiros do Estado do Mato Grosso do Sul estão se mobilizando para resistirem às ocupações dos povos originários. A mais nova estratégia, anunciada pelos ruralistas, que se reuniram, nesta quarta-feira, 13 de novembro, na sede da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), é a realização de leilões para o financiamento da resistência.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) informa que os fazendeiros pretendem realizar o chamado "Leilão da Resistência” no intuito de conseguir recursos para custear ações de combate à retomada das terras. Em reunião anterior na Acrissul, o presidente da entidade, Chico Maia, teria dito:"a Constituição garante que é direito do cidadão defender seu patrimônio, sua vida. Guarda, segurança, custa dinheiro. Para entrarmos numa batalha precisamos de recurso. Imagine se precisamos da força de 300 homens, precisamos de recurso para mobilização”. Na reunião do dia 13, Chico afirmou que "novos confrontos estão por vir e algo precisa ser feito para evitar novas mortes”.
O vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Nilton Pickler, também veio à público corroborar a leitura da Acrissul. "Estamos em uma terra sem lei, onde invadir propriedade não é mais crime, alguma reação precisa ser feita”, afirmou.
No início de novembro, um grupo de fazendeiros permaneceu acampando próximo à ponte que dá acesso à terra indígena Yvy Katu, em processo de demarcação há 29 anos e retomada pelos Guarani Ñandeva em outubro. Durante o acampamento, ruralistas ameaçaram adotar "medidas próprias" caso o governo federal não apresentasse proposta concreta sobre o "litígio de terras” no estado. No local, circulavam panfletos e adesivos que conclamavam "republicanos, liberais, (...), empresários, militares (...), maçons" a dar um "basta ao marxismo cultural", sob o slogan de "Pelo direito à propriedade: O Brasil que produz reage!".
Com informações de Ruy Sposati, de Campo Grande, para o Cimi.
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