Esta é a linha de ônibus do bairro Veneza

Descaso com os passageiros: 6260, o pior de todos

Linha que atende Neves é alvo de todo tipo de reclamação, mas problemas atingem veículos de outras rotas da RMBH
      Fonte:

LUCAS PRATES
6260
Usuários do 6260 sofrem com lotação, atraso e precariedade


A árdua rotina da atendente de telemarketing Mariana da Rocha, de 24 anos, começa cedo. Ela mora no bairro Veneza, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e às 6h segue para a capital, onde trabalha. O dia está começando a clarear quando Mariana chega ao ponto para pegar um ônibus da linha 6260. “A fila já está enorme. Se espero um pouco por um coletivo mais vazio, eu me atraso para o trabalho. São duas horas de viagem até BH, em pé”, lamenta.

A volta para casa, no início da tarde, é menos penosa. “Dá para viajar sentada, nem que seja em uma poltrona sem almofada. Nos horários de menor movimento, são colocados os ônibus mais velhos para rodar. É um descaso com os passageiros. Pelo valor que pagamos (a passagem custa R$ 4), merecíamos mais conforto”, desabafa.

O sucateamento dos ônibus, o grande tempo de espera nos pontos, por causa da escassez de veículos, e a má qualidade do serviço fazem da linha 6260 (Veneza/BH) a campeã em reclamações feitas pelos usuários do transporte rodoviário metropolitano ao Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG). Foram 90 no ano passado, seguida pelas linhas 2290 (Nacional/BH), com 88; 2390 (Ceasa/via Ressaca/BH), com 66; 6270 (Vale das Acácias/BH), com 29; e 3125 (Vila das Flores/BH/via Nova Baden), com 25. As quatro primeiras são da empresa Transimão e a última, da Santa Edwirges. O quadro não se alterou de 1º de janeiro a 2 de março deste ano: a 6260 teve 21 reclamações; a 2290 recebeu 14; houve 11 para a 2390; a 6270 foi alvo de nove e a 3125, de cinco.

Hoje em Dia embarcou na linha 6260, na tarde desta terça-feira (20), em um ponto da rua Tupinambás, no Centro de BH, e seguiu viagem até o ponto final, na avenida Oswaldo de Araújo, no Veneza, em Ribeirão das Neves. O drama dos passageiros começa antes da entrada no coletivo, quando e se eles conseguem embarcar.

Por volta das 14h, o ônibus número 07107, placa HGJ-7212, parou na rua Tupinambás e cerca de 15 pessoas subiram. Antes de o veículo arrancar, a doméstica Evani Maria dos Santos, de 53 anos, chegou ao ponto e pediu ao motorista para deixá-la entrar. Ela caminhava com dificuldade, devido a dores provocadas pela artrose nas pernas.

O motorista ignorou o pedido e seguiu em frente, deixando Evani para trás. “Eu bati na porta, mas ele fingiu que não viu. A gente sofre com essa linha. Quando chove, temos que viajar com a sombrinha aberta dentro do ônibus, por causa das goteiras”, diz a doméstica.

A cozinheira Viviane Carla Leite Lapa, de 28 anos, disse que chega a esperar até uma hora no ponto do 6260. “É terrível, principalmente nos horários de pico, quando a fila fica insuportável. São poucos ônibus e eles estão muito velhos. Por isso, sempre quebram no meio do caminho”, afirma.

O sucateamento dos coletivos também é denunciado pelo autônomo Sidney Fernandes, de 43. Ele mora no Veneza e pega o ônibus para trabalhar nas Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa-MG), em Contagem. “Ontem (segunda-feira), um veículo pegou fogo na BR-040. Por sorte, o motorista conseguiu tirar todos os passageiros, sem ferimentos”.

A atendente de lanchonete Gláucia Horácio da Silva, de 25, voltava para casa em outro coletivo da linha 6260 e presenciou o incidente na rodovia. “Vi o fogo saindo do motor. Muito assustados, os passageiros foram transferidos para o ônibus em que eu estava”.

Ela e a dona de casa Rosângela Teixeira, de 50 anos, estavam no coletivo em que a equipe do Hoje em Dia embarcou nesta terça-feira (20). Além de muito sujo, o veículo estava pichado na parte de trás e faltavam lâmpadas. “Quase todos os dias a gente tem que fazer baldeação, pois esses ônibus vivem quebrando”, afirma Rosângela.

A insatisfação também é manifestada pelos usuários das outras linhas gerenciadas pelo DER-MG. “É uma precariedade total. Os ônibus estão sempre lotados e a espera nos pontos é grande. Hoje (terça-feira) mesmo cheguei atrasada ao trabalho”, lamenta a coordenadora de serviços gerais Estelita Gonçalves, de 36 anos. Ela mora no bairro Nacional, em Contagem, e é usuária do 2290.

O artesão Eduardo de Souza, de 48, pega o 2390 diariamente. “São poucos ônibus para muitos passageiros”. A esteticista Tânia Mara Martins, de 46, usa tanto a 2390 quanto a 2290. “As duas linhas são péssimas, embora a passagem seja cara (R$ 3)”

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