Picada de aranha pode matar
Picada da aranha marrom pode matar
Aparentemente inofensivo, o aracnídeo tem veneno que causa necrose e, em casos mais graves, insuficiência renal
Jaqueline da Mata - do Hoje em Dia - 27/08/2011 - 13:22
CRISTIANO COUTO
Picada da Loxosceles Similis pode necrosar o tecido epitelial e causar até a morte
Pequena e aparentemente inofensiva, a aranha marrom, como é conhecida, é extremamente perigosa. Sua picada, que leva de 6 a 12 horas para se manifestar na pele, pode necrosar o tecido epitelial e em casos mais graves provocar a morte da vítima. A preocupação é maior nessa época do ano, quando acontece o aumento do número de casos.
Segundo o toxicologista, chefe do setor de toxicologia do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), Délio Campolina, em 2004 foram atendidas quatro pessoas no hospital. Em 2011 já são 10 casos presenciais e nove atendimentos feitos pelo telefone do Centro de Informações e Assistência Toxicológica. O maior número de vítimas são moradores da Região de Nova Lima e Belvedere, lugares próximos a matas com clima mais úmido, ambiente predileto deste aracnídeo.
O grande problema, segundo o médico, é que na hora que a pessoa é picada, só sente uma coceirinha e às vezes nem vê que bicho a picou. O gênero de aranhas Loxosceles sp tem cor amarronzada, às vezes amarelada. Pode atingir tamanho que varia de 1 a 3 centímetros. Após seis ou 12 horas é que aparece um ponto avermelhado e em volta dele uma cor mais clara, tipo branca.
“Este ponto claro vai evoluindo, provocando isquemia nos vasos sanguíneos que param de nutrir o tecido na região. Neste lugar acontece a necrose. Vira uma úlcera, uma ferida de difícil cicatrização”, explica Campolina.
Dependendo da gravidade do caso, pode ser preciso fazer enxerto na região afetada. Casos mais graves podem causar insuficiência renal e consequentemente levar a pessoa picada pela aranha à morte.
A única forma de evitar uma complicação é procurar atendimento médico (em Belo Horizonte, o HPS) imediato. “Quanto mais rápido a pessoa picada tomar o soro antiloxoscelico ou antiaracnídeo melhor será a sua recuperação, pois mais rápido será a neutralização do veneno”, enfatiza Campolina.
O toxicologista cita o caso de um rapaz que trabalhava na construção de uma casa no Belvedere e ao vestir a camisa sentiu a picada e viu a aranha. A vítima, que já tinha participado de palestras sobre o aracnídeo, pegou a aranha e em menos de uma hora chegou ao HPS: “O local já estava começando a inflamar”, ressaltou o médico.
Campolina observa que mesmo bebês, idosos e mulheres grávidas, ao serem picados devem tomar o soro. Quando possível é aconselhável levar o bicho para verificar a real necessidade de tomar o soro. Quando perceber a picada, o local deve ser lavado com água e sabão e a vítima deve correr até o hospital para receber o soro.
O psicólogo Raul Pennafirme, de 41 anos, afirma não ter alergia a insetos. Ele diz não se incomodar nem com picada de pernilongo, mas há seis meses uma ferida na sua barriga tirou o sossego dele. “Era um coceira infernal”, descreve.
Ele foi à procura de uma médica e recebeu o diagnóstico. Raul havia sido picado por uma aranha. O psicólogo recorda que por conta da coceira incessante, o veneno tinha se espalhado pela região abdominal. Para o tratamento, foi recomendado o uso de antibiótico e uma pomada local.
A marca da picada perdurou por três meses. Como Raul não pode ver o momento exato em que foi picado, resolveu vasculhar o apartamento. Segundo ele, só encontrou “aranhas normais de toda casa”. Mas, para evitar uma nova picada, acabou por dedetizar o local e desde então não teve mais problemas.
O toxicologista enfatiza que a aranha marrom não é agressiva. Ataca simplesmente como mecanismo de defesa quando se sente ameaçada, como por exemplo, quando é pressionada contra o corpo da vítima. No sul do país, os casos são mais frequentes. “Lá, a incidência de casos é como a nossa com escorpião”, destaca o médico.
E por falar em escorpião, a época é também de muito cuidado. Este ano já são 689 casos sendo 526 atendimentos no HPS, de acordo com o setor de toxicologia do pronto- socorro.
Já os dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) mostram que de janeiro a julho de 2011, aconteceram 318 casos de acidentes com escorpiões. No mesmo período de 2010, foram 391 casos. Desde 2009, não há registro na capital de óbito provocado pela picada do escorpião.
O maior número de acidentes ocorre nas regionais Noroeste e Nordeste. Para evitar o aparecimento do animal é preciso manter os quintais sempre limpos, livres de entulhos ou outros materiais que possam servir como moradia. Em época de chuva, os escorpiões procuram abrigos em locais secos, daí a importância para se redobrarem os cuidados. A vítima deve ser encaminhada diretamente para o serviço de emergência do Hospital João XXIII. Não é indicado o uso de remédios caseiros e automedicação.
fonte www.hojeemdia.com.br ( 28/08/11)
Comentários
Postar um comentário