DER a caça os pirueiros


  
DER caça perueiros mas população sofre com filas e superlotação

Número de passageiros em BH aumentou quase 10% nos últimos seis anos, mas a frota de ônibus, no mesmo período, cresceu pouco mais de 1%


CARLOS ROBERTO
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População reclama dos ônibus lotados e escasseiam no final de semana


A fiscalização do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) retirou das ruas pelo menos cem vans e carros que faziam o transporte clandestino na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Mas o que deveria ser motivo apenas de comemoração acabou agravando um problema crônico que atinge a população: ônibus superlotados e passageiros insatisfeitos nos pontos de embarque e desembarque, sobretudo nos horários de pico. Isso porque, com a redução da alternativa ilegal, as pessoas tiveram que migrar para o transporte regular. Mas o sistema não colocou mais ônibus nas linhas para acompanhar o aumento da “clientela”. O crescimento do número de viajantes é estimado em 25 mil pelo DER.

Segundo a presidente da Associação dos Usuários de Transporte Coletivo de Belo Horizonte e Região Metropolitana (AUTC), Gislene Gonçalves dos Reis, a quantidade de coletivos continua insuficiente para a demanda. Ela cita o exemplo de Belo Horizonte, mas diz que o mesmo ocorre nas cidades do entorno da capital. “O número de usuários de ônibus em BH aumentou quase 10% nos últimos seis anos. Entretanto, a frota, durante o mesmo período, cresceu pouco mais de 1%”, afirma.

Gislene Reis explica que o problema se agrava nos fins de semana, quando grande parte do comércio está em funcionamento, além dos hospitais públicos e privados. Nestes dias, lembra, os ônibus circulam em escala reduzida. “O deslocamento fica seriamente afetado, tanto para quem está trabalhando quanto para quem precisa utilizar algum tipo de serviço”, reclama.

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram) informa que, atualmente, a frota na RMBH é de 3 mil ônibus. Eles atendem, em média, 22 milhões de passageiros e realizam 670 mil deslocamentos por mês.
A entidade não confirma se o número de veículos é insuficiente para a população. Mas o resultado pode ser comprovado nas ruas da cidade, onde passageiros são unânimes em dizer que preferem o transporte clandestino ao desconforto dos coletivos convencionais.

“Os ônibus estão mais cheios e as filas, intermináveis. Espero uma hora para o ônibus chegar e tenho que ir apertado, de pé, em um trajeto de quase duas horas”, diz o servente de obras Genilson Pereira, de 31 anos, que mora em Ribeirão das Neves.

A camareira Liliane dos Vales, de 32 anos, também reclama. “Tiraram os perueiros, mas não obrigaram as empresas a melhorar a qualidade do serviço oferecido para a gente”.


Uma viagem arriscada

O diretor de fiscalização do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais (DER/MG), órgão responsável pela operação de combate ao transporte clandestino, João Afonso Baeta Costa Machado, revela que mais de 300 veículos suspeitos foram abordados. O resultado foi a apreensão e a retenção de mais de cem automóveis e a emissão de centenas de autos de infração.

Por consequência, houve o retorno dos passageiros ao transporte regulamentar, o que, segundo Baeta, representa a recuperação de receita, uma vez que as concessionárias do serviço recolhem impostos. “Às empresas delegatárias são exigidas uma série de requisitos como qualidade, segurança, treinamento e reciclagem dos funcionários. Elas têm que cumprir rigorosamente os quadros de horário estabelecidos, praticar tarifas fixadas pelos órgãos competentes e atuar em todos os setores determinados pelo poder público”, assinala Baeta.

O diretor alerta que, além do risco de ter prejuízo material e de ser impedido de seguir viagem, o usuário do transporte clandestino fica exposto a acidentes. Não há qualquer garantia sobre a manutenção mecânica dos veículos, que também não oferecem seguro de vida para os passageiros.

As ações de repressão à atividade dos perueiros acontecem em pontos estratégicos da cidade e da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e não têm data para terminar.

As operações não comprometem a fiscalização de rotina, completa o diretor do DER. “Iremos fechar o cerco aos clandestinos, que promovem uma concorrência desleal, e ampliar a atuação da equipe no interior do Estado”, adianta.

A força-tarefa contra os veículos irregulares reúne diversos órgãos de segurança e transporte do Estado. Entre eles, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), a Diretoria de Meio Ambiente e Trânsito ligada à Polícia Militar (Demat), as empresas municipais de gerenciamento do transporte e do trânsito de Betim (Transbetim), Contagem (Transcon) e Belo Horizonte (BHTrans) e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), além do DER.

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