Reclamação contra polícia cresce 23%


Reclamação contra polícia cresce 23%

Dados da Ouvidoria Geral do Estado mostram que, nos três primeiros meses deste ano, 666 queixas foram feitas


CARLOS RHIENCK
agredido
Homem foi agredido por policiais, mas não deu queixa, contribuindo para a subnotificação dos abusos


O número de reclamações contra o trabalho da polícia em Minas Gerais cresceu 23% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2011. O dado faz parte de um levantamento divulgado ontem pela Ouvidoria Geral do Estado. Nos três primeiros meses de 2012 o órgão recebeu 666 queixas contra o trabalho das polícias mineiras, ante 542 no ano passado.

Para agravar ainda mais a situação, a estatística é subestimada, já que a maioria das pessoas desconhece o serviço da Ouvidoria, que acaba ficando à mercê dos problemas ligados à polícia. É o caso de um faxineiro de 53 anos, que registrou uma ocorrência de agressão contra policiais do 5º Batalhão da PM.

Ele, que preferiu não se identificar, foi abordado por militares fardados por volta das 20 horas de terça-feira passada, quando voltava da de sua casa da mãe, no bairro Buritis, região Oeste da capital. Os PM’s pediram os documentos do faxineiro, que depois foi levado na viatura para uma rua escura. Lá, ele teria sido agredido e abandonado pelos policiais, que alegam tê-lo confundido com um bandido. “Só fiz a ocorrência, porque mandaram uma viatura da PM na minha casa, mas tenho medo do que pode acontecer. Se tivessem me falado para ir na Ouvidoria, sinceramente, não saberia o que fazer. Nunca ouvi falar e não sei para que serve”, revela a vítima.

Apesar de ter ido parar no Hospital João XXIII depois dos socos, chutes e ameaças, ele tem medo do que pode acontecer, mas quer uma resposta. “Cheguei a falar para os policiais que era trabalhador, mas eles só diziam que iam ‘dar um pau’ em mim assim mesmo”.

Célia Barroso, que responde pela Ouvidoria geral do Estado, reconhece que os dados não correspondem à realidade. “Muita coisa ainda não chega, muitas vezes a pessoa já ouviu falar, mas não sabe para que serve ou como funciona. Trata-se um órgão autônomo, sem subordinação e independente. Os dados que chegam são apurados e viram um banco de dados para as áreas específicas. Por isso, é importante que as pessoas conheçam e procurem”.

Ouvidoria da Polícia está sem chefe
Apesar do aumento dos casos, a Ouvidoria de Polícia ainda está com o cargo de chefia em aberto, desde 19 de março, quando acabou o mandato de Paulo Vaz Alkmim. Quem responde pela pasta é o Ouvidor Geral Adjunto, Agílio Monteiro Filho. Mas ele também acumula outras pastas que estão sem chefia: sistema penitenciário e educação.

As reclamações contra as polícias de Minas ocupam a liderança na procura pelo serviço oferecido pela Ouvidoria Geral do Estado. A assessoria de imprensa da polícia civil informou que a corregedoria da corporação recebeu ontem os dados da Ouvidoria. Os números serão analisados e a corregedoria deve se manifestar oportunamente a respeito do tema. A assessoria de imprensa da PM informou vai se pronunciar nos próximos dias.

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