Acesso de eleitores à internet faz partidos ampliarem ações virtuais



O Brasil tem quase 126 milhões de eleitores, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Destes, cerca de 32 milhões utilizam a internet, conforme dados do instituto de pesquisas Ibope. Ou seja, 25% do total de eleitores brasileiros podem buscar informações sobre as eleições na rede mundial de computadores.
Um levantamento coordenado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, ainda em desenvolvimento, aponta que o impacto desta nova mídia no voto depende não só do número de pessoas que têm acesso a ela e do interesse na eleição, mas da criatividade de partidos no uso da rede.      
Quem trabalha com o meio precisa driblar o fato da internet não estar devidamente inserida na legislação eleitoral. A dúvida é se os partidos vão usar a falta de regulamentação para divulgar boatos sobre políticos adversários. 
“Quando a lei não está clara, a gente adota a medida mais simples que é usar o que está regulamentado”, afirma Akemi Kawagoe, coordenadora de internet da campanha do candidato do PDT à presidência da República, Cristovam Buarque. “Uso de site, eu posso. Posso usar peça criativa, vídeo, fazer animação. O que não puder fazer, não vou fazer.”
Em geral, quando os responsáveis pelas páginas oficiais dos candidatos têm dúvidas sobre a internet, eles acionam os advogados para fazer consultas ao Tribunal Superior Eleitoral. Em 1998, apenas uma dúvida foi apresentada ao tribunal. Em 2006, já foram realizadas quatro consultas. 
Atualmente, a lei proíbe apenas a propaganda de candidatos em páginas de provedores de acesso à internet. O candidato pode participar de debates em salas de bate-papo. E a propaganda não precisa se resumir aos sites oficiais.
A militância dos partidos é também responsável informalmente pela divulgação dos nomes dos candidatos. Valter Pomar, coordenador da área de internet da campanha do candidato do PT à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, diz que o uso da internet pela militância é estimulado.
“Há listas de discussão, blogs, páginas das mais variadas mantidas por candidaturas nossas nos estados, páginas de indivíduos e militantes. Enfim, nós temos estimulado a militância que, para além dos mecanismos formais da campanha, que são a pagina eletrônica e o boletim antivírus, que usem toda a sua criatividade para participar desse espaço de debate que é a internet”, disse Pomar.
De acordo com a legislação eleitoral, os veículos de comunicação sujeitos a concessão ou permissão do governo, como rádio e TV, não podem dar opinião sobre os candidatos. Os jornais impressos, ao contrário, podem dar opinião e veicular matéria paga.
Blogs abrem novos espaços para discussão política, aponta especialista
A discussão política na internet já não se restringe às páginas dos partidos e candidatos. Os debates sobre as propostas para o país agora também estão em espaços virtuais mais independentes, conhecidos como blogs.
No mundo, existem cerca de 50 milhões de blogs. Eles se popularizaram no Brasil como uma espécie de diário onde os internautas compartilhavam textos e experiências.
“Hoje, eles são também espaços para a manifestação da militância mais básica, onde qualquer pessoa tem a possibilidade de publicar intenções sobre os candidatos. É um novo espaço de troca de informações”, aponta, em entrevista à Rádio Nacional, José Murilo Junior, editor de uma página na internet chamada Ecologia Digital e consultor da organização internacional Global Voices.
Segundo ele, nos Estados Unidos, alguns candidatos já perderam a candidatura a partir da mobilização de blogueiros. Em Connecticut, o Partido Democrata teria sido obrigado a mudar o candidato ao governo do estado por conta de ações dos eleitores por meio de blogs.
“Aqui, no Brasil, nessa eleição, ainda vai ter uma predominância da televisão no aspecto da decisão em relação às candidaturas. Mas as pessoas já começam a perceber que realmente é um poder a ser exercitado, um poder de mídia a ser exercitado, de uma forma completamente nova.”
Para pesquisador, debate político na internet ainda segue moldes antigos
Conhecida pela linguagem e formato inovador, a internet ainda segue padrões antigos quando o assunto é política. A avaliação é do jornalista e pesquisador da Universidade de Campinas, Mauro Malin, apresentador da versão radiofônica do programa Observatório da Imprensa.
Segundo ele, as páginas dos partidos e até mesmo os blogs dos eleitores não fazem um debate político diferente do que as rádios, emissoras de televisão e jornais apresentam. 
“É apenas um pequeno fenômeno que não mexe com  a estrutura da campanha. Mesmo na internet, ela continua concentrada na agenda do candidato, deixando a discussão sobre os grandes temas de lado”, critica Malin, em entrevista à Rádio Nacional. 
Para ele, a internet desempenharia um papel importante se abrisse uma interlocução efetiva entre os eleitores e candidatos, na qual os políticos se vissem obrigados a responder as dúvidas dos internautas sobre propostas em áreas como emprego, habitação, saneamento, segurança pública e reforma do estado.
“O acesso à internet aumentou no Brasil, mas não vamos nos iludir. Ainda temos uma média de 7,5 computadores para cada 100 pessoas. Nos Estados Unidos, essa média é 66”, ressalta o jornalista.
Ainda assim, para ele, é necessário que haja uma preparação de longo prazo para que a internet desempenhe um papel diferenciado nos próximos pleitos. “Nessa eleição, tenho certeza que nenhum partido vai lançar uma discussão série na internet. Não vai abrir espaço para contestações. A campanha eleitoral continua muito ruim em todas as mídias.” (Fonte: Agência Brasil)
O Brasil tem quase 126 milhões de eleitores, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Destes, cerca de 32 milhões utilizam a internet, conforme dados do instituto de pesquisas Ibope. Ou seja, 25% do total de eleitores brasileiros podem buscar informações sobre as eleições na rede mundial de computadores.
Um levantamento coordenado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, ainda em desenvolvimento, aponta que o impacto desta nova mídia no voto depende não só do número de pessoas que têm acesso a ela e do interesse na eleição, mas da criatividade de partidos no uso da rede.      
Quem trabalha com o meio precisa driblar o fato da internet não estar devidamente inserida na legislação eleitoral. A dúvida é se os partidos vão usar a falta de regulamentação para divulgar boatos sobre políticos adversários. 
“Quando a lei não está clara, a gente adota a medida mais simples que é usar o que está regulamentado”, afirma Akemi Kawagoe, coordenadora de internet da campanha do candidato do PDT à presidência da República, Cristovam Buarque. “Uso de site, eu posso. Posso usar peça criativa, vídeo, fazer animação. O que não puder fazer, não vou fazer.”
Em geral, quando os responsáveis pelas páginas oficiais dos candidatos têm dúvidas sobre a internet, eles acionam os advogados para fazer consultas ao Tribunal Superior Eleitoral. Em 1998, apenas uma dúvida foi apresentada ao tribunal. Em 2006, já foram realizadas quatro consultas. 
Atualmente, a lei proíbe apenas a propaganda de candidatos em páginas de provedores de acesso à internet. O candidato pode participar de debates em salas de bate-papo. E a propaganda não precisa se resumir aos sites oficiais.
A militância dos partidos é também responsável informalmente pela divulgação dos nomes dos candidatos. Valter Pomar, coordenador da área de internet da campanha do candidato do PT à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, diz que o uso da internet pela militância é estimulado.
“Há listas de discussão, blogs, páginas das mais variadas mantidas por candidaturas nossas nos estados, páginas de indivíduos e militantes. Enfim, nós temos estimulado a militância que, para além dos mecanismos formais da campanha, que são a pagina eletrônica e o boletim antivírus, que usem toda a sua criatividade para participar desse espaço de debate que é a internet”, disse Pomar.
De acordo com a legislação eleitoral, os veículos de comunicação sujeitos a concessão ou permissão do governo, como rádio e TV, não podem dar opinião sobre os candidatos. Os jornais impressos, ao contrário, podem dar opinião e veicular matéria paga.
Blogs abrem novos espaços para discussão política, aponta especialista
A discussão política na internet já não se restringe às páginas dos partidos e candidatos. Os debates sobre as propostas para o país agora também estão em espaços virtuais mais independentes, conhecidos como blogs.
No mundo, existem cerca de 50 milhões de blogs. Eles se popularizaram no Brasil como uma espécie de diário onde os internautas compartilhavam textos e experiências.
“Hoje, eles são também espaços para a manifestação da militância mais básica, onde qualquer pessoa tem a possibilidade de publicar intenções sobre os candidatos. É um novo espaço de troca de informações”, aponta, em entrevista à Rádio Nacional, José Murilo Junior, editor de uma página na internet chamada Ecologia Digital e consultor da organização internacional Global Voices.
Segundo ele, nos Estados Unidos, alguns candidatos já perderam a candidatura a partir da mobilização de blogueiros. Em Connecticut, o Partido Democrata teria sido obrigado a mudar o candidato ao governo do estado por conta de ações dos eleitores por meio de blogs.
“Aqui, no Brasil, nessa eleição, ainda vai ter uma predominância da televisão no aspecto da decisão em relação às candidaturas. Mas as pessoas já começam a perceber que realmente é um poder a ser exercitado, um poder de mídia a ser exercitado, de uma forma completamente nova.”
Para pesquisador, debate político na internet ainda segue moldes antigos
Conhecida pela linguagem e formato inovador, a internet ainda segue padrões antigos quando o assunto é política. A avaliação é do jornalista e pesquisador da Universidade de Campinas, Mauro Malin, apresentador da versão radiofônica do programa Observatório da Imprensa.
Segundo ele, as páginas dos partidos e até mesmo os blogs dos eleitores não fazem um debate político diferente do que as rádios, emissoras de televisão e jornais apresentam. 
“É apenas um pequeno fenômeno que não mexe com  a estrutura da campanha. Mesmo na internet, ela continua concentrada na agenda do candidato, deixando a discussão sobre os grandes temas de lado”, critica Malin, em entrevista à Rádio Nacional. 
Para ele, a internet desempenharia um papel importante se abrisse uma interlocução efetiva entre os eleitores e candidatos, na qual os políticos se vissem obrigados a responder as dúvidas dos internautas sobre propostas em áreas como emprego, habitação, saneamento, segurança pública e reforma do estado.
“O acesso à internet aumentou no Brasil, mas não vamos nos iludir. Ainda temos uma média de 7,5 computadores para cada 100 pessoas. Nos Estados Unidos, essa média é 66”, ressalta o jornalista.
Ainda assim, para ele, é necessário que haja uma preparação de longo prazo para que a internet desempenhe um papel diferenciado nos próximos pleitos. “Nessa eleição, tenho certeza que nenhum partido vai lançar uma discussão série na internet. Não vai abrir espaço para contestações. A campanha eleitoral continua muito ruim em todas as mídias.” (Fonte: Agência Brasil)

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